Por Pâmella Mayra
Como boa millennials que sou, também fiz parte da camada assustadora de jovens que sofreram a pressão de passar no vestibular da Universidade Federal.
Antes de tudo, é importante salientar que a realidade dos brasileiros em sua maioria, assim como a falta de investimento em educação básica e a constante pressão do mercado de trabalho por níveis de conhecimento ao menos intermediário na área de atuação, vive e vê uma Universidade Federal como um possível meio de melhora em sua qualidade de vida, às vezes o único.
E foi nas eleições presidenciais de 2018 que as Universidades de todo o país reconheceram a ameaça direta à educação brasileira. Não estava em jogo apenas o ódio disfarçado de justiça nas ruas das cidades, mas a morte dos bens públicos que já vinham pedindo por ajuda.
No fim de abril, o governo de Jair Bolsonaro anunciou o congelamento de R$ 1,7 bi dos gastos das universidades, de um total de R$ 49,6 bi. Considerando todas as universidades, o corte é de R$ 1,7 bilhão, o que representa 24,84% dos gastos não obrigatórios (chamados de discricionários) e 3,43% do orçamento total das federais.
O corte, segundo o governo, foi aplicado sobre gastos não obrigatórios como água, luz, terceirizados, obras, equipamentos e realização de pesquisas. Despesas obrigatórias, como pagamento de salários e aposentadorias, não foram afetadas.
Enquanto o país ficava dividido entre as decisões do governo, o congelamento de 30% das despesas não obrigatórias das universidades federais colocava em risco inúmeras pesquisas, sem falar no cancelamento de centenas de bolsas para mestrado e doutorado. Mas é claro que o governo não se lembrou de mencionar esse porém.
O nosso presidente, Jair Messias Bolsonaro, que estudou em uma academia militar nos anos setenta, durante a ditadura, antes de empreender uma longa carreira parlamentar, nunca escondeu que considera as universidades públicas um ninho de comunistas petistas e a qualidade da educação desastrosa, antes e durante toda sua campanha presidencial.
Enquanto Bolsonaro perde seu tempo com sua obsessão em acabar com o que denomina de “marxismo cultural” e “ideologia de gênero” das salas de aula, o ministro da Educação, Abraham Weintraubm, usa de uma retórica ainda mais chula contra as instituições, “Balbúrdia”.
Segundo o cálculo do Banco Mundial, embora o Brasil gaste 6% do PIB em educação, a despesa média por aluno equivale a um terço da média da OCDE (clube de países ricos ao qual o país aspira pertencer) e seus resultados ainda são pobres. Os estudantes brasileiros levarão 260 anos para alcançar a média da OCDE em capacidade de leitura e 75 anos em matemática.
O problema não é ir à escola, mas aprender. Elegemos alguém que acredita em teorias conspiratórias e seu Ministro da Educação que segue os pensamentos e ensinamentos de Olavo de Carvalho. Quando foi que perdemos também nosso bom senso?
Eu que nunca sonhei com uma Federal, hoje me desespero por não saber a que passo está nossa educação. A minha necessidade não diminui a necessidade do outro. É ignorância acreditar que as Faculdade privadas não necessitam da matriz de Pesquisa e Ciência das Federais. Até que ponto vamos apenas observar nossa educação morrer?
A tão sonhada federal
Reviewed by Equipe Integra
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13:57
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